domingo, 28 de março de 2010

Primavera

Otra primavera que viene llegando y yo, aquí, en mi refugio, asilo que me propuse, contrariando a las estaciones de las parejas, de los enamoramientos y de los amores que están juntitos. Otra primavera que no será como las otras. Otra estación que no fue como otra. Que es singular con sus ingredientes nuevos, aunque únicos. Acrecida de fama, reconocimiento, popularidad conquistadas y faltante en vida humana que cede cariño. La búsqueda no para, el camino es siempre desviado, y las protuberancias me proponen la caída: yo me dejo caer y permito que la vaguedad me consuma.


No prometo nada, no me prometo nada, la vida, la vida joven, sobre todo, existe para que la disfrutemos, y además, ya no tengo créditos, mis promesas tienen el mismo valor que el hilo de una navaja ciega.

La primavera que debería recolectar las bonanzas tras el rigor hibernal, ahora coge las intemperies merecibles como la cigarra hedonista.

Sin embargo, aun existe una llama ofuscada dentro de algún lugar en mí que me hace conciente y me guía en esta casi total insanidad.

Me callo para que no sea una amenaza a la esencia de la primavera, me callo para que no hiera a los que creen en los sueños de esta estación florida, me callo porque no quiero salar a los ríos. Me callo porque es parte de mí la serenidad. Salgo de escena porque necesito ser una persona nueva, capaz de entender un poco de lo que es la primavera. Y ser capaz de sentir todos sus olores, admirar todos sus colores y sentir el amor evocado a partir de un simple beso. ¡Quiero enamorarme!

terça-feira, 23 de março de 2010

Agradecimentos

Hoje tenho o corpo debilitado, mas a mente muito lúcida. Exatamente por isso escolhi o dia de hoje para escrever os meus agradecimentos. Hoje tenho percepções aguçadas que talvez não teria em dias em que meu corpo se encontrasse em condições para dispersá-las. Também já estive na situação contrária: com o corpo bom, mas a mente insana. O que não resulta nada produtivo para períodos de criação.


Hoje, dia 22 de março de 2010, véspera de aniversário de minha terra natal, Viradouro, tenho o corpo cansado, cansado o suficiente para apenas poder digitar o que o coração manda:



Quando a gente observa o tempo como unidade concreta, acreditamos que as mudanças dentro desse período serão mínimas. Mínimas o bastante para encararmos uma aventura como a mudança de um país e, por conseqüência, de língua, de cultura e quase de religião. Acreditamos que as pessoas não têm livre-arbítrio e que o aqui se manterá intocável com o passo do tempo.

Outra coisa que aprendi com a viagem (sempre aprendo com viagens, mas volto a esquecer quando permaneço por muito tempo em um lugar): tudo muda. Não só as línguas e as sociedades mudam. As mentes e, sobretudo, os corações mudam.

Dos momentos em que o corpo andava bem e o coração não, posso tirar agora os melhores proveitos possíveis. As fraquezas são boas, a psicologia diz que o crescimento, às vezes, advém de um recuo. É a chamada curva em U. E agora me encontro recuperado de um longo processo de escalada, recém saído de um grande vale.

Nesses momentos em que quase deixei a tocha cair, percebi que muitos estavam ali apoiando, outros me erguendo. São estas pessoas que gostaria de agradecer.

Para me livrar de uma vez da parte burocrática (e antes que eu me esqueça), fica desde já registrado meus agradecimentos à Fundação Carolina, ao CSIC, à orientadora da Espanha e aos sujeitos de meu experimento. Sem estes anteparos a pesquisa seria inviável.

Quero aproveitar a oportunidade, a obtenção de um título de magíster, ocasião ritualística em minha carreira acadêmica, para agradecer as pessoas que agora e sempre estiveram por trás do meu processo de formação. Sem elas sim, quaisquer tentativas intelectuais de minha parte seriam impossíveis.

Nesse sentido, são duas as grandes mentes às quais rendo a minha mais honesta homenagem. À minha mãe, Maria Simone Jiquilin, lutadora feroz, que sempre me serviu de exemplo de como se recuperar nos momentos de desespero. A outra é a professora Eleonora, mentora intelectual, que me iluminou não só nas questões acadêmicas – as quais de longe me permitem vislumbrar os fenômenos de maneira racional – mas também no processo de formação do indivíduo – cidadão, engajado e corajoso. Coragem, aliás, é o caráter que une minha mãe e minha mestra.

A tocha, adquirida no berço materno e acesa na academia, prestou em muito para iluminar os novos prados por mim caminhado. Se antes tinha a convicção de que a atividade acadêmica praticada no Lafape, pouco conhecida no cenário internacional da Espanha, é robusta o suficiente para enfrentar os dados do português brasileiro, agora sei que ela se aplica aos dados diacrônicos do espanhol.

Quero também agradecer meu círculo mais íntimo de amigos, os quais pelejaram para que eu não deixasse a peteca cair. E quando ela caiu, foram eles que me fizeram recomeçar o novo jogo. À racionalidade de Denise, velha companheira para os momentos de elucubrações fonéticas. Ao bom-senso da Miriany, muito mais que amiga: família, irmã separada ao nascimento. Foi a My que me reconheceu desde o primeiro momento que nos cruzamos ainda na Unicamp. À Maísa, que com toda sua negritude, acho que ela preferiria pretitude, me mostrou, com muita raça, como se honra uma cor dentro de uma comunidade tão elitista. À Carolzinha, que sabe ponderar, e como..., mediante às situações da vida. Ao Tiago, que com toda sua casmurrice, ensinou-me a refletir para além do indivíduo. À Laura, simplesmente por ser meiga e não deixar-se enrijecer. Ao André, o Mano, por ajudar-me em minhas descobertas. À Kátia, pela disciplina. E por falar em disciplina, tenho que agradecer à minha treinadora Giane, por fazer encontrar-me com meu corpo. Ao meu xará, de nome e sobrenome, Di, por poesia exalada pelos poros. À Mariana, a Benê, pela serenidade. Ao Lucas, ao Brian, ao André Cilino por me fazerem mais forte. À tia Salete, por também ser mãe. Ao tio Sérgio, por também ser pai. À tia Celma, por ser amiga. Ao Tio Fábio, por ser empreendedor-conselheiro. Aos primos: Vítor, Ígor, Júlia e Pedro, por também serem irmãos. Aos amigos mais antigos: à Dani, pela vizinhança feliz; à Laís, pelos recreios famintos; à Aline, pela teatralidade. À Flávia, pela eloqüência. À Giselinha e à Michela, pela alegria de viver. À Dona Neide, por fazer despertar em mim o interesse pela linguagem. Ao vô Jiquilin, por ser um bon-vivant.

Aos meus irmãos: Dimas, por ser sábio; Daniel, por ser teimoso; Denis, por ser distante. Ao meu pai, à Emi e toda trupe paraguaia, por ensinar a tranqüilidade pachã.

Estes são meus amigos diacrônicos.

Aos amigos sincrônicos, agradeço a Beatriz, por emprestar-me o ombro nos momentos de morriña. Ao Albuquerque e ao Garrido, por serem tão solícitos. À María José, pela orientação e revisão dos meus rascunhos. Aos colegas de curso, por ensinar-me muito sobre latinidade. Em especial, tenho que render graças à Viviane, a Vi, primeiro por ser tão brasileira quanto eu, depois por toda a companhia e generosidade. À Lingyin, por proporcionar-me entretenimento, válvula de escape nesse mundo atroz. À Madeleine e à Soledad, por serem tão paraguaias quanto eu, por compartilhar um bom mate durante momentos reflexivos.

Agora é a hora do clichê: sei que as palavras são escassas para definir cada um e que neste momento não me lembrarei de muita coisa que já passou. Vocês citados sabem que são muito mais para mim do que essa meia dúzia de palavras articuladas. In memoriam: Mercedes, Clarice e Frida, guerreiras do sofrimento e da poesia. In memoriam: vó Zorinha, lembrança inamovível. Encerro, então, com uma canção da Negra, que neste instante, e para esta tese, significa muito (e também para retornar a esta língua que cerceia):



Cambia lo superficial

Cambia también lo profundo

Cambia el modo de pensar

Cambia todo en este mundo



Cambia el clima con los años

Cambia el pastor su rebaño

Y así como todo cambia

Que yo cambie no es extraño



Cambia el más fino brillante

De mano en mano su brillo

Cambia el nido el pajarillo

Cambia el sentir un amante



Cambia el rumbo el caminante

Aunque esto le cause daño

Y así como todo cambia

Que yo cambie no es extraño



Cambia todo cambia

Cambia todo cambia

Cambia todo cambia

Cambia todo cambia



Cambia el sol en su carrera

Cuando la noche subsiste

Cambia la planta y se viste

De verde en la primavera



Cambia el pelaje la fiera

Cambia el cabello el anciano

Y así como todo cambia

Que yo cambie no es extraño



Pero no cambia mi amor

Por mas lejo que me encuentre

Ni el recuerdo ni el dolor

De mi pueblo y de mi gente



Lo que cambió ayer

Tendrá que cambiar mañana

Así como cambio yo

En esta tierra lejana



Cambia todo cambia

Cambia todo cambia

Cambia todo cambia

Cambia todo cambia

Pero no cambia mi amor...

sexta-feira, 19 de março de 2010

Mariposa da palavra

Hoje amanheci mudo
Com uma gravata borboleta atada a garganta
Tem um bolo de palavra entalado
Na zona posterior do meu fictício
Tudo linear uniforme



Mariposa quer comê-lo
É alérgica a adjetivos, no entanto



Tudo misturado no tubo
Tubo misturando tudo
O bolo é bolha que sufoca
Mariposa quer comê-lo



Um bocado de alegria
Mariposa vai comer
Uma curva de camelo
Mariposa quer comê-lo



Está tudo linearmente miscuido
Miscuido uniformemente no tubo:
Camelo Alegre
Alegre cocova



Mariposa amanhece morta
Mariposa já comeu



Alergicamente tragou
A alma do amor

segunda-feira, 1 de março de 2010

Alucinações

É um tremor que vem de dentro do mais dentro, do mais interior, percorre os meus braços e desatina, rebenta na ponta dos meus dedos. É uma correnteza que tem mais que fluxo... e leva.... e não pergunta. É mais uma madrugada assistida, mais um vendaval que derruba as folhas velhas.


Viver provoca equívocos: falar induz a erros, não falar a mortes. E neste mar de possiblidades sou sempre o mal interpretado (e com isso já não me importo).

Não morro porque dói não ter a certeza de onde estará aquele gesto cativante, aquela voz de autoridade, aquela maneira de achar que tudo é verdade.

Contudo, não posso me deter.. o além tem mistério, já não tenho medo de me perguntar por ele, lá pode ter um bocado de coisa inimaginável, lá pode ser o terreno das bananas nanicas, lá pode apenas ser!

De novo, este tremor que me abala, um cisma entre o novo e o velho, mas dessa vez não posso mais ser guiado pelos cantos das sereias, terei de seguir as orientações de minha própria voz.