Uma vez eu disse que minha vida paralela no Brasil havia morrido. Pois bem, retornei de viagem e quis ressucitá-la: ledo engano.
Minha vida antiga campineira está mais morta do que nunca. O que mais me incomoda é que ela já fede a podridão. As figuras do passado já se enrugaram, os amigos antigos já reencarnaram. A casa se decompôs no meio de tanta poeira.
Sinto que meu coração está querendo enferrujar-se. É muito difícil não se deixar abater diante da imagem da destruição. Brevemente alçarei asas de novo. No entanto é sufocante notar que o palco de tantos momentos de alegria está completamente em ruínas.
Será que consigo aproveitar algo dessa vida pré-viagem? Ou será que se trata de uma oportunidade para começar tudo outra vez?
Acho que só o estado de decomposição ficou. Nada se aproveita, só os antigos vícios. Só a má fama se mantém. Não há como edificar vida nova num nicho tão repleto de negro, lama e solidão.