quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Morte, curiosa morte...
Quando meus ombros estão descobertos, sinto suas mãos percorrerem minhas costas. Queria um beijo selando uma paixão, um beijo na nuca, uma mão acariciando meu corpo. Me encantaria sentir seus dedos dissolvendo meus grossos e negros cabelos. É uma carência que sinto no final da noite, no momento de ir para a cama. Mas, por que essa carência me acomete assim nessa hora que me sinto tão sozinho? Na verdade, acho que transformo em carência o medo da solidão.É ruim ficar só. É ruim ouvir-se a si mesmo o tempo todo. Falar demais é uma fuga, estar o tempo todo com alguém é uma fuga. Por que fujo tanto da solidão? Às vezes, tenho vontade de morrer, anseio pela minha morte. Mas não é a ânsia das pessoas deprimidas e desiludidas, é pura curiosidade. No entanto, a morte é o grande momento da solidão. Morremos sozinhos. Então, de imediato, a mesma idéia de morte me apavora. Estar só é um medo que ainda terei de enfrentar, pois como morrer é inevitável, estar só também será. Então, por que passar a vida procurando alguém para compartilhar os meus objetivos? Por que devo mudar a vida de alguém? Por que alguém deve mudar a minha vida? Por que devo amar alguém e alguém me amar? Afinal, tudo acaba em solidão!O que será que há depois do morrer? Será que você estará lá? Será que a solidão é um estado passageiro?Sinto-me limitado em pensar a morte de um ponto de vista tão humano-carnalizado. Morrer diz respeito a uma outra lógica. Não haverá lá, nem cá, nem solidão, nem paixão.Bateu-me uma curiosidade!
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