quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Young

Reproduzo na íntegra uma poesia de Fernanda Young, retirada de seu livro: Dores do amor romântico.

Faço dessas palavras as minhas. Não saberia me exprimir de outro jeito, não agora.

Estou por um triz. De novo
parece, de fato, encenação.
Creio até que seja mentira
essa minha cara com esses
olhos caídos. Aprendi tal
olhar, lendo os poemas de
alguns, ou são os remédios.
Eu vinha crente que não mais
precisava disso. Disso: caneta,
papel, calmante e pijama.
Dancei muitas músicas e ri
de mim mesma. Aquela que
se repete. Eu. Eu mesma:
corpo e a cabeça cheia de
cabelos.
Meu cérebro está empapado,
do tamanho de uma barata.
Quando vou ao banheiro
e olho-me no espelho.
Quase acredito ser uma boa
atriz.
É tudo mentira!
um batom, um perfume e
vestidos me levariam ao
shopping. A um bar. A um beijo.
O problema é que quero muitas
coisas simples
então pareço exigente.
O problema é que sou tola e
carente,
mas não me deixo enganar,
se eu pudesse pedir um só pedido
seria: pára!
Pára esse carro em minha cabeça!
Quero descer,
estacionar,
bater num poste.
Não mais delirar,
nem sentir no corpo esse
seguir sem descanço,
atrás de sutilezas que não
podem ser descritas.

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