Aqui em Madri tem muita coisa bonita para se apreciar. Mas a maioria delas não tem a menor graça. As cores são um tanto quanto opacas, as construções são acinzentadas... algumas brancas.
Não gosto desses edifícios. São magnânimes, de puro concreto. Mas cinzas, tristes, antigos e imponentes. Cai muito bem para o estilo espanhol. Imponência é uma característica fundamental de toda a Espanha. Este espírito de superioridade está por toda parte.
Fico estarrecido como esse bando de turista idolatra tanto concreto, ainda mais que as edificações só foram possíveis graças à exploração da América Latina.
Os turistas brasileiros têm geralmente meia idade. Dá para perceber que são pessoas que sonharam a vida toda em vir a Europa, chegaram na idade de correr atrás de seus sonhos. Fico triste em ver como são idiotas os objetivos da pequena burguesia. O que mais não compreendo são os jovens conterrâneos que têm a oportunidade de realizar "o sonho" em tenra idade. A alegoria mais bizarra que posso mencionar é um jovem carioca, que exibia suas viagens como um troféu. Conheci-o num albergue, e todo cheio de orgulho, contava a todos os demais brasileiros que encontrava sobre seus passeios, como se a experiência de viagem mais importante fosse a dele, como se as impressões mais válidas fossem a dele. Posso apenas sentir pena da pequenez dessa pessoa.
Se alguém olhar alguma foto minha ao lado de qualquer monumento, vai notar que a pequenez é minha. Mas não me sinto nada diminuído diante da imponência espanhola, dos leões e cavalos de concreto e ferro, das pedras roubadas. Sinto revolta ao saber que nossas riquezas foram transformadas em atração turística, e que minha viagem de estudos a Europa só é possível graças a uma esmola dada encarecidamente por eles.
Fico pensando como se sentiram os índios quando aportaram os espanhóis com tanta imponência, tanta rudez.
Sinto que cada vez que viajo para a Espanha envelheço uns 15 anos. Como essa é a segunda vez, acho que já cheguei a meia idade. Hora de já ter conquistado meus objetivos.
Estas são minhas primeiras impressões e estou me sentindo como se houvesse morrido. Uma vida paralela lá no Brasil deixou de existir para mim.
domingo, 27 de dezembro de 2009
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