segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Superego

Vejo o mundo com certo pessimismo e desconfiança, porque ao mesmo tempo em que não posso estar sozinho, também tenho restrições quanto ao que os outros esperam de mim. O tempo todo tenho de preocupar-me com minha imagem, preocupar-me em ser querido, em ser agradável. E fazer a transposição de meu mundo complexo, para um mundo da superfície é uma tarefa que custa muito e às vezes me fere demais. Penso que seria mais fácil esquecer-me de minha imagem e deixar para trás o que os outros pensariam sobre mim. Mas esta atitude é tão penosa, seja pelas cobranças da pueridade seja porque o próprio mundo é assim. Ele sempre exige que tenhamos compatibilidade com nossos pares.

O sofrimento que sinto com a solidão é uma prova, em primeira instância, de que realmente nasci para o mundo e, depois, de que não posso ser uma pessoa solitária.

De todas as formas, vou tentando driblar esse trauma, talvez carregando minha vida de novos traumas, novos pontos de estrangulamento, criando novas imagens para novos conceitos. Mas, apesar de tudo, o importante é saber que mesmo não sendo sempre eu o único responsável pelas más situações, sou eu o único que pode cultivar as conseqüências e fabricar essas imagens. Tenho consciência de que dentro de mim há um mundo muito desconhecido e que lá dentro tem felicidade, ando apenas precisando retirar as minhas vendas. A felicidade alheia a mim pertence ao mundo, mas a minha felicidade interior, esta é só minha.

E quanto ao mundo, à felicidade do mundo, acredito que apenas serei feliz quando encontrar alguém que consiga ao mesmo tempo fazer-me descobrir minha felicidade interna e conseguir me mostrar a felicidade do mundo.

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